Apresentação: As imagens abaixo foram feitas pela bolsista Ana Paula na mudança da Terreira.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, estética urbana e patrimônio etnológico na era das textualidades eletrônicas.
Autor: Ana Paula Parodi Eberhardt (Bolsista IC/CNPq)
Local: Porto Alegre / RS
Data: 23/01/2009
Tags: Interiores da Escrita Etnográfica
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A Mudança da Terreira - Parte 2
Apresentação: Extrato de Diário de Campo relatando observação participante no último dia da mudança da Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz do bairro Navegantes para o bairro São Geraldo.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, estética urbana e patrimônio etnológico na era das textualidades eletrônicas.
Autor: Ana Paula Parodi Eberhardt (Bolsista IC/CNPq)
Local: Porto Alegre / RS
Data: 23/01/2009
Tags: Interiores da Escrita Etnográfica
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, estética urbana e patrimônio etnológico na era das textualidades eletrônicas.
Autor: Ana Paula Parodi Eberhardt (Bolsista IC/CNPq)
Local: Porto Alegre / RS
Data: 23/01/2009
Tags: Interiores da Escrita Etnográfica
O Jeferson e o Eugênio estavam dentro do caminhão e arrumavam as coisas lá dentro. Algumas coisas eram postas dentro das prateleiras. Havia mais alguns materiais de cenário da Missão, mas já era bem pouco. A Judith tirou as lâmpadas de serviço e o Clélio tirou alguns fios elétricos e a porta de ferro, que segundo o Beto “é nossa, agente que colocou!”. Pensei então nessa apropriação, nesse “nossa”, pois sei que embora o Beto tenha uma ligação com as oficinas há algum tempo, ele entrou para o grupo há uns dois anos no máximo, mas ele falou como se ele tivesse estado ali, colocando a porta há uns dez anos atrás, quando a Terreira se mudou para ali, depois de ter sido despejada da Cidade Baixa. Pensei em quem haveria dito isso para ele, e como se deu este processo de apropriação, desse “nossa”, que acontece dentro do grupo, aonde algumas pessoas vão se responsabilizar por coisas por livre e espontânea vontade, como por exemplo, estas pessoas que estavam lá ajudando na montagem e que muitas delas não precisavam estar ali, pois não são do grupo, mas se disponibilizaram a estar ali, carregando peso, no sol, sem comer por horas, mas estavam, e nem por isso carregavam menos peso que as demais, ou deixavam de se preocupar com aquilo que eles carregavam, eles pareciam sentir-se parte daquilo, como se aquilo também as pertencesse (...)
A Terreira agora estava vazia, o escritório, o galpão lá do fundo... Só haviam ficado, lá no “patiozinho”, umas madeiras, e uns “carretéis” de madeira, que pareciam um banquinho e que estavam podres, e bem no meio da Terreira uma cadeira, de pé, sozinha. Vi a Terreira se esvaziar lentamente, ao longo destes dias e conseguia ver ela com tudo o que tinha antes, só por olhar aquelas paredes, pintadas de preto, com manchas de marrom e vermelho, e a escada do escritório que segundo a Paula disse o Edgar queria levar, pois achava “muito cênica”. (...)
As pessoas se arrumaram para ir descarregar o caminhão e a Judith e o Eugênio fecharam a Terreira. Na frente só ficou uma geladeira velha, perto do registro d’água. Todos foram saindo sem grande comoção. O Paulo não estava ali, ele saiu de manhã a hora que eu cheguei e depois não voltou. Todos iam, pela calçada conversando sobre assuntos diversos, ninguém olhou para trás. Pelo meio da rua ia a Tânia e o Edgar, puxando um carrinho que não tinha entrado no caminhão, parecia que eles estavam levando a Terreira em cima daquele carrinho. Fazia um dia bonito, quente e com sol. E talvez algumas pessoas nem tenham percebido que nunca mais caminhariam por aquela rua pelo mesmo motivo.
As fotos desse fragmento virão na proxima postagem....
A Terreira agora estava vazia, o escritório, o galpão lá do fundo... Só haviam ficado, lá no “patiozinho”, umas madeiras, e uns “carretéis” de madeira, que pareciam um banquinho e que estavam podres, e bem no meio da Terreira uma cadeira, de pé, sozinha. Vi a Terreira se esvaziar lentamente, ao longo destes dias e conseguia ver ela com tudo o que tinha antes, só por olhar aquelas paredes, pintadas de preto, com manchas de marrom e vermelho, e a escada do escritório que segundo a Paula disse o Edgar queria levar, pois achava “muito cênica”. (...)
As pessoas se arrumaram para ir descarregar o caminhão e a Judith e o Eugênio fecharam a Terreira. Na frente só ficou uma geladeira velha, perto do registro d’água. Todos foram saindo sem grande comoção. O Paulo não estava ali, ele saiu de manhã a hora que eu cheguei e depois não voltou. Todos iam, pela calçada conversando sobre assuntos diversos, ninguém olhou para trás. Pelo meio da rua ia a Tânia e o Edgar, puxando um carrinho que não tinha entrado no caminhão, parecia que eles estavam levando a Terreira em cima daquele carrinho. Fazia um dia bonito, quente e com sol. E talvez algumas pessoas nem tenham percebido que nunca mais caminhariam por aquela rua pelo mesmo motivo.
As fotos desse fragmento virão na proxima postagem....
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Trajeto “As ruas e ruelas do antigo Areal da Baroneza"
Apresentação: Percurso urbano descrito para o portal da VII Reunião de Antropologia MERCOSUL/RAM, realizada em Porto Alegre, em 2007.
Pontos de interesse: Museu de Porto Alegre, Travessa dos Açorianos, antiga Rua da Margem. Percurso urbano descrito para o portal da VII Reunião de Antropologia MERCOSUL/RAM, realizada em Porto Alegre, em 2007.
Início: 1ª Perimetral, limites inicias da Rua João Alfredo.
Fim: Avenida Praia de Belas com Rua da Republica
Duração: 2h, caminhada longa com subidas leves.
Autor: Olavo Marques
Tags: Rapsódias Urbanas
Contexto:
O bairro Cidade Baixa é um dos bairros centrais e mais antigos da cidade de Porto Alegre. A delimitação atual do bairro abrange as avenidas Praia de Belas, Getúlio Vargas, Venâncio Aires, João Pessoa e parte da Borges de Medeiros. Apesar das propostas de arruamento desde 1856, boa parte da Cidade Baixa permaneceu desabitada por vários anos, principalmente o trecho entre as atuais rua Venâncio Aires e Rua da República. Consistia em um terreno baixo e acidentado, cortado por árvores e capões, que dificultavam o trânsito e facilitavam os esconderijos. O lugar abrigava tanto escravos fugidos quanto bandidos. A implantação das linhas de bonde de tração animal, através do Caminho da Azenha (Av. João Pessoa) e da Rua da Margem (João Alfredo) contribuiu para a urbanização do local. A partir de1880 novas ruas foram inauguradas, como a Lopo Gonçalves e a Luiz Afonso. A atual rua Joaquim Nabuco também foi oficialmente aberta nessa época, batizada de Rua Venezianos, pois sediava o famoso grupo carnavalesco com o mesmo nome. O carnaval da Cidade Baixa era reconhecido e prestigiado na época, com destaque para os coros que movimentavam as ruas. Atualmente, o bairro se caracteriza pela grande quantidade de bares e é conhecido por ser lar dos boêmios da cidade, onde pode-se em todas as noites da semana aproveitar a madrugada, principalmente nas ruas General Lima e Silva, República e João Alfredo. Situa-se próximo ao Parque Farroupilha (também conhecido como Redenção), uma das áreas mais arborizadas da capital gaúcha. A proximidade do campus antigo da UFRGS favorece a concentração de universitários, intelectuais e artistas.
Inicio: Percorre-se, neste trajeto, caminhos de uma região de Porto Alegre antigamente reconhecida como Areal da Baronesa. Região de baixada ou várzea, cercada pelas águas, esta porção da cidade remonta um bairro popular, negro e boêmio, palco de carnavais de rua. Atualmente, permanece um local boêmio e noturno; entretanto, há um interessante circuito cultural a ser percorrido durante o dia, contando com museus, igrejas, ruas históricas, casarios de porta e janela. È fácil chegar à Cidade Baixa, bairro adjacente ao Campus Central da UFRGS. Como referência, as avenidas João Pessoa e I Perimetral possuem grande circulação de ônibus e lotações, principalmente para quem vem do Centro, da Zona Sul e Zona Leste (região Partenon). Quem vem da Zona Norte pode tomar a linha T7, da Cia. Carris, que segue as ruas Nilo Peçanha e Protásio Alves. Iniciamos o trajeto na Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem). Curva e característica por seu casario assobradado geminado, esta rua seguia o curso do Riachinho, retificado na dec. de 50. Siga-a na direção oposta à I Perimetral, até o Museu de Porto Alegre (Joaquim José Felizardo), localizado no nº 582. Obras de referência sobre a história do Município fazem parte do Museu, assim como a fototeca Sioma Breitman - que abriga importantes documentos fotográficos de profissionais porto-alegrenses a partir do século 19 - e a Biblioteca Walter Spalding - que inclui a coleção bibliográfica daquele historiador. Destaque para a arquitetura do prédio, construído em meados do século 19, pelo comerciante Lopo Gonçalves – por isso recebe o nome Solar Lopo Gonçalves. Estes solares eram as luxuosas habitações das chácaras que ocupavam a região antes de seu loteamento, que data de fins do Séc. XIX. Siga pela João Alfredo e dobre a esquerda na Rua Lopo Goçalves; siga-a por alguns metros e à direita conhecerá a famosa Travessa dos Venezianos, que liga as Ruas Lopo Gonçalves e Joaquim Nabuco. Novamente, destaque para as casas geminadas, de “porta e janela” ou “em fita”, muitas das quais são tombadas como patrimônio do município. No local, há cafés, ateliers de artistas plásticos e uma casa de religião afro. As casas eram originalmente de aluguel, e abrigavam populações pobres e tipos populares, como prostitutas, jornaleiros, pais-de-santo, prestadores de serviço, etc. Retorne pela Lopo Gonçalves, atravesse a João Alfredo e vire à esquerda na Travessa Pesqueiro. Seguindo-a, atravesse a arborizada Av. Aureliano Figueiredo Pinto e dobre à direita na Rua Barão do Gravataí; Vire à esquerda na primeira esquina, na Rua Baronesa do Gravataí. No meio da quadra, a esquerda, encontrará a Av. Luís Guaranha, comunidade remanescente de quilombo, legatária do Areal da Baronesa (antigo território negro de Porto Alegre, descaracterizado ao longo do Séc. XX). O Areal se formou com o loteamento das chácaras da região, entre elas a chácara dos Barões de Gravataí – o que explica os nomes das ruas e mesmo do bairro. Da mesma forma que a Travessa Pesqueiro, é uma das últimas representantes destas antigas formas características de habitação popular na área (que os antigos moradores denominam avenidas). Destaque para os casarões de esquina, cuja arquitetura destaca-se das casas do entorno.Diferentemente da Travessa dos Venezianos, as casa da Luís Guaranha eram de madeira e sucumbiram à ação do tempo, sendo reconstruídas ou demolidas, dando lugar a novas construções. Retorne até a Baroneza do Gravataí e vire à esquerda, seguindo-a até a Av. Praia de Belas. Vire à direita e adiante encontrará a Fundação Pão dos Pobres, na esquina com a Rua da República, nº 801. Esta antiga fundação inclui trabalhos de Assistência Social, orfanato, escola, oficinas, etc. Destaque para a arquitetura requintada. Este antigo prédio era moradia da Baronesa do Gravataí, e, após sua morte, tornou-se organização social que há mais de um século vem desenvolvendo trabalhos com populações pobres e marginalizadas.
Pontos de interesse: Museu de Porto Alegre, Travessa dos Açorianos, antiga Rua da Margem. Percurso urbano descrito para o portal da VII Reunião de Antropologia MERCOSUL/RAM, realizada em Porto Alegre, em 2007.
Início: 1ª Perimetral, limites inicias da Rua João Alfredo.
Fim: Avenida Praia de Belas com Rua da Republica
Duração: 2h, caminhada longa com subidas leves.
Autor: Olavo Marques
Tags: Rapsódias Urbanas
Contexto:
O bairro Cidade Baixa é um dos bairros centrais e mais antigos da cidade de Porto Alegre. A delimitação atual do bairro abrange as avenidas Praia de Belas, Getúlio Vargas, Venâncio Aires, João Pessoa e parte da Borges de Medeiros. Apesar das propostas de arruamento desde 1856, boa parte da Cidade Baixa permaneceu desabitada por vários anos, principalmente o trecho entre as atuais rua Venâncio Aires e Rua da República. Consistia em um terreno baixo e acidentado, cortado por árvores e capões, que dificultavam o trânsito e facilitavam os esconderijos. O lugar abrigava tanto escravos fugidos quanto bandidos. A implantação das linhas de bonde de tração animal, através do Caminho da Azenha (Av. João Pessoa) e da Rua da Margem (João Alfredo) contribuiu para a urbanização do local. A partir de1880 novas ruas foram inauguradas, como a Lopo Gonçalves e a Luiz Afonso. A atual rua Joaquim Nabuco também foi oficialmente aberta nessa época, batizada de Rua Venezianos, pois sediava o famoso grupo carnavalesco com o mesmo nome. O carnaval da Cidade Baixa era reconhecido e prestigiado na época, com destaque para os coros que movimentavam as ruas. Atualmente, o bairro se caracteriza pela grande quantidade de bares e é conhecido por ser lar dos boêmios da cidade, onde pode-se em todas as noites da semana aproveitar a madrugada, principalmente nas ruas General Lima e Silva, República e João Alfredo. Situa-se próximo ao Parque Farroupilha (também conhecido como Redenção), uma das áreas mais arborizadas da capital gaúcha. A proximidade do campus antigo da UFRGS favorece a concentração de universitários, intelectuais e artistas.
Inicio: Percorre-se, neste trajeto, caminhos de uma região de Porto Alegre antigamente reconhecida como Areal da Baronesa. Região de baixada ou várzea, cercada pelas águas, esta porção da cidade remonta um bairro popular, negro e boêmio, palco de carnavais de rua. Atualmente, permanece um local boêmio e noturno; entretanto, há um interessante circuito cultural a ser percorrido durante o dia, contando com museus, igrejas, ruas históricas, casarios de porta e janela. È fácil chegar à Cidade Baixa, bairro adjacente ao Campus Central da UFRGS. Como referência, as avenidas João Pessoa e I Perimetral possuem grande circulação de ônibus e lotações, principalmente para quem vem do Centro, da Zona Sul e Zona Leste (região Partenon). Quem vem da Zona Norte pode tomar a linha T7, da Cia. Carris, que segue as ruas Nilo Peçanha e Protásio Alves. Iniciamos o trajeto na Rua João Alfredo (antiga Rua da Margem). Curva e característica por seu casario assobradado geminado, esta rua seguia o curso do Riachinho, retificado na dec. de 50. Siga-a na direção oposta à I Perimetral, até o Museu de Porto Alegre (Joaquim José Felizardo), localizado no nº 582. Obras de referência sobre a história do Município fazem parte do Museu, assim como a fototeca Sioma Breitman - que abriga importantes documentos fotográficos de profissionais porto-alegrenses a partir do século 19 - e a Biblioteca Walter Spalding - que inclui a coleção bibliográfica daquele historiador. Destaque para a arquitetura do prédio, construído em meados do século 19, pelo comerciante Lopo Gonçalves – por isso recebe o nome Solar Lopo Gonçalves. Estes solares eram as luxuosas habitações das chácaras que ocupavam a região antes de seu loteamento, que data de fins do Séc. XIX. Siga pela João Alfredo e dobre a esquerda na Rua Lopo Goçalves; siga-a por alguns metros e à direita conhecerá a famosa Travessa dos Venezianos, que liga as Ruas Lopo Gonçalves e Joaquim Nabuco. Novamente, destaque para as casas geminadas, de “porta e janela” ou “em fita”, muitas das quais são tombadas como patrimônio do município. No local, há cafés, ateliers de artistas plásticos e uma casa de religião afro. As casas eram originalmente de aluguel, e abrigavam populações pobres e tipos populares, como prostitutas, jornaleiros, pais-de-santo, prestadores de serviço, etc. Retorne pela Lopo Gonçalves, atravesse a João Alfredo e vire à esquerda na Travessa Pesqueiro. Seguindo-a, atravesse a arborizada Av. Aureliano Figueiredo Pinto e dobre à direita na Rua Barão do Gravataí; Vire à esquerda na primeira esquina, na Rua Baronesa do Gravataí. No meio da quadra, a esquerda, encontrará a Av. Luís Guaranha, comunidade remanescente de quilombo, legatária do Areal da Baronesa (antigo território negro de Porto Alegre, descaracterizado ao longo do Séc. XX). O Areal se formou com o loteamento das chácaras da região, entre elas a chácara dos Barões de Gravataí – o que explica os nomes das ruas e mesmo do bairro. Da mesma forma que a Travessa Pesqueiro, é uma das últimas representantes destas antigas formas características de habitação popular na área (que os antigos moradores denominam avenidas). Destaque para os casarões de esquina, cuja arquitetura destaca-se das casas do entorno.Diferentemente da Travessa dos Venezianos, as casa da Luís Guaranha eram de madeira e sucumbiram à ação do tempo, sendo reconstruídas ou demolidas, dando lugar a novas construções. Retorne até a Baroneza do Gravataí e vire à esquerda, seguindo-a até a Av. Praia de Belas. Vire à direita e adiante encontrará a Fundação Pão dos Pobres, na esquina com a Rua da República, nº 801. Esta antiga fundação inclui trabalhos de Assistência Social, orfanato, escola, oficinas, etc. Destaque para a arquitetura requintada. Este antigo prédio era moradia da Baronesa do Gravataí, e, após sua morte, tornou-se organização social que há mais de um século vem desenvolvendo trabalhos com populações pobres e marginalizadas.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Vendendo DVD na Rua Voluntários da Pátria
Apresentação: O diário de campo da aprendiz de antropóloga apresenta estratégias de propagandas, vendas para transeuntes e a disposição no espaço público relacionado aos vendedores ambulantes da Rua Voluntários da Pátria. Nos fragmentos textuais, os nomes dos informantes foram trocados para preservar suas identidades.
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, itinerários urbanos e patrimônio etnológico: a criação de um museu virtual. – FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Priscila Farfan Barroso. Bolsista IC FAPERGS
Data de produção: 25/05/2007 e 8/05/2007
Tags: Rapsódias Urbanas
“Um cliente procura pelo DVD do “Homem aranha 3”, e parece que Ângelo não tem. (...) Um casal bem arrumado observa os produtos exibidos e chama a atenção do vendedor, então este mostra seu arsenal [de produtos]. “Ai!”diz casando o senhor do “COMPRO, VENDO E DESBLOQUEIO CELULAR”. Apontam o “Homem aranha 3” dublado, e Diego retira da armação para que eles possam analisar melhor. A namorada segura os três DVDs e o rapaz paga, como um bom cavalheiro. Ângelo põe um “selinho” no produto, caso a pessoa queira trocar. Ou seja, podemos perceber que no atendimento dos clientes Fábio cuida mais do atendimento, e Ângelo troca o dinheiro e passa credibilidade do produto. È claro que não existe estabilidade nesse processo, os dois fazem de tudo um pouco, mas trata-se de uma dupla, e não um vendedor com seus produtos. (...) Depois de mais uma compra, Diego aproveita para ajeitar os DVDs que não foram aceitos na armação. Chega mais um cliente e pede pelo “Homem aranha 3”.”
“Não estava muito criativa, e sentei no mesmo lugar da última saída [de campo], em frente à galeria. “CHEGOU O DVD DO HOMEM ARANHA”, e lá estavam eles apresentando o lançamento. Eu estava com muito frio, e não era a única, os ambulantes [estavam] bem vestidos, com calça, blusões de frio, alguns com gorro, realmente essa temperatura nada amena deixa as pessoas mais arrumadas, [em minha opinião]. Um deles (vendedor ambulante) tinha o cabelo bem cortado, com uma blusa de lã preta, calça jeans e sapato caramelo. “HOMEM ARANHA, HOMEM ARANHA, HOMEM ARANHA AQUI”. Eu já tinha ouvido falar desse lançamento no cinema, e até fui convidada por um colega para assistir, como uma boa menina tinha interesse mais na produção hollywoodiana do que em saber da história.
“HOMEM ARANHA DUBLADO, VAMOS QUE EU QUERO GANHAR MAIS DINHEIRO!”. Atrás de mim, alguém da galeria chama um dos ambulantes, como fazia parte do roteiro, observei esses entrosamentos entre lojistas e vendedores da rua. “Dublado só eu tenho, imagem boa, homem aranha!”, eles conversaram um pouco, e o menino voltou pro seu posto. Escuto de um pedestre caminhando por ali “Estreou sexta-feira, e já tem em dvd!”, pois é minha cara a malandragem da rua faz sua propaganda ao mesmo tempo que as grandes agências de publicidade.”
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, itinerários urbanos e patrimônio etnológico: a criação de um museu virtual. – FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Priscila Farfan Barroso. Bolsista IC FAPERGS
Data de produção: 25/05/2007 e 8/05/2007
Tags: Rapsódias Urbanas
“Um cliente procura pelo DVD do “Homem aranha 3”, e parece que Ângelo não tem. (...) Um casal bem arrumado observa os produtos exibidos e chama a atenção do vendedor, então este mostra seu arsenal [de produtos]. “Ai!”diz casando o senhor do “COMPRO, VENDO E DESBLOQUEIO CELULAR”. Apontam o “Homem aranha 3” dublado, e Diego retira da armação para que eles possam analisar melhor. A namorada segura os três DVDs e o rapaz paga, como um bom cavalheiro. Ângelo põe um “selinho” no produto, caso a pessoa queira trocar. Ou seja, podemos perceber que no atendimento dos clientes Fábio cuida mais do atendimento, e Ângelo troca o dinheiro e passa credibilidade do produto. È claro que não existe estabilidade nesse processo, os dois fazem de tudo um pouco, mas trata-se de uma dupla, e não um vendedor com seus produtos. (...) Depois de mais uma compra, Diego aproveita para ajeitar os DVDs que não foram aceitos na armação. Chega mais um cliente e pede pelo “Homem aranha 3”.”
“Não estava muito criativa, e sentei no mesmo lugar da última saída [de campo], em frente à galeria. “CHEGOU O DVD DO HOMEM ARANHA”, e lá estavam eles apresentando o lançamento. Eu estava com muito frio, e não era a única, os ambulantes [estavam] bem vestidos, com calça, blusões de frio, alguns com gorro, realmente essa temperatura nada amena deixa as pessoas mais arrumadas, [em minha opinião]. Um deles (vendedor ambulante) tinha o cabelo bem cortado, com uma blusa de lã preta, calça jeans e sapato caramelo. “HOMEM ARANHA, HOMEM ARANHA, HOMEM ARANHA AQUI”. Eu já tinha ouvido falar desse lançamento no cinema, e até fui convidada por um colega para assistir, como uma boa menina tinha interesse mais na produção hollywoodiana do que em saber da história.
“HOMEM ARANHA DUBLADO, VAMOS QUE EU QUERO GANHAR MAIS DINHEIRO!”. Atrás de mim, alguém da galeria chama um dos ambulantes, como fazia parte do roteiro, observei esses entrosamentos entre lojistas e vendedores da rua. “Dublado só eu tenho, imagem boa, homem aranha!”, eles conversaram um pouco, e o menino voltou pro seu posto. Escuto de um pedestre caminhando por ali “Estreou sexta-feira, e já tem em dvd!”, pois é minha cara a malandragem da rua faz sua propaganda ao mesmo tempo que as grandes agências de publicidade.”
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
SIC - 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Saída de campo em Cachoeira do Sul - 2004
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
XVIII Feira de Iniciação Científica
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Uma breve conversa sobre o trabalho de campo
Apresentação: Em um encontro "casual" com o filho de um dos interlocutores da pesquisa, conversamos sobre seu pai e alguns rumos do trabalho de campo. Este fragmento de texto traz algumas das anotações feitas neste dia, 27 de maio, e que vem à tona no diário da saída de campo realizada posteriormente.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção do Projeto BIEV: A criação de um museu virtual da cidade - FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Stéphanie Ferreira Bexiga (Bolsista PIBIC/CNPq)
Local: Porto Alegre/RS
Data: 07/06/09
Tags: Caderno de Notas
Encontrei, num outro dia, o filho de Dennis, meu amigo Daniel, para lhe perguntar sobre seu pai e avisar que eu ia ligar pra ele uma hora dessas. Nessa breve conversa, Daniel me fala que sua tia (irmã de Dennis) vai adorar conversar comigo, que ela é uma pessoa que guarda muita coisa: “no dia do casamento, lembra? (o mesmo dia em que conheci dona Neusa), eu dei carona pra ela e ela tava reclamando que a gente (ele e seu irmão) não dá bola pra história da família, mas que um dia a gente vai dar”. “Ela tem fotos da família, ih, muita coisa...”. E quando lhe conto que havia uma pedreira aqui na Tristeza, ele diz: “mas lá onde eu moro também tinha, eu me lembro, acho que já tava desativada, mas eu lembro (...) meu avô, por parte de mãe, era cortador de pedra, tanto é que ele morreu de câncer no pulmão (...)”.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção do Projeto BIEV: A criação de um museu virtual da cidade - FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Stéphanie Ferreira Bexiga (Bolsista PIBIC/CNPq)
Local: Porto Alegre/RS
Data: 07/06/09
Tags: Caderno de Notas
Encontrei, num outro dia, o filho de Dennis, meu amigo Daniel, para lhe perguntar sobre seu pai e avisar que eu ia ligar pra ele uma hora dessas. Nessa breve conversa, Daniel me fala que sua tia (irmã de Dennis) vai adorar conversar comigo, que ela é uma pessoa que guarda muita coisa: “no dia do casamento, lembra? (o mesmo dia em que conheci dona Neusa), eu dei carona pra ela e ela tava reclamando que a gente (ele e seu irmão) não dá bola pra história da família, mas que um dia a gente vai dar”. “Ela tem fotos da família, ih, muita coisa...”. E quando lhe conto que havia uma pedreira aqui na Tristeza, ele diz: “mas lá onde eu moro também tinha, eu me lembro, acho que já tava desativada, mas eu lembro (...) meu avô, por parte de mãe, era cortador de pedra, tanto é que ele morreu de câncer no pulmão (...)”.
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