Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, estética urbana e patrimônio etnológico na era das textualidades eletrônicas.
Autor: Ana Paula Parodi Eberhardt (Bolsista IC/CNPq)
Local: Porto Alegre / RS
Data: 21/01/2009
Tags: Tecendo a Observação Participante
Já era quase nove horas da manhã, e começou a chegar mais gente: o Edgar, o Beto, a Roberta, o Saroba, o Lúcio, a Paula, o Cleber, a Paula Lages da escola, o Clélio, o Renan, a Judith e o Eugênio, o Jeferson, um pouco depois chegou Luciana e o Carlo, e mais depois o Alessandro, pensei que seria melhor eu começar ajudando no deslocamento das coisas e depois começar a tirar fotos, foi o Clélio ou o Pedro que sugeriram que se levasse para fora primeiramente os ferros, pois como são mais pesados seriam a base para as outras coisas no caminhão, estes ferros são, a maioria, para dar sustentação aos spots e cortinas, para pegá-los algumas pessoas pegaram luvas de pedreiro ou de lã, para por em uma das mãos, para poder carregar melhor os ferros que além de serem muito pesados estavam enferrujados e sujos. Este trabalho de carregar os ferros foi bem coletivo, pois como eram muito compridos e pesados precisavam de muitas pessoas para carregá-los e uma grande atenção uns com os outros, pois o espaço para o deslocamento era estreito e cheio de obstáculos, então tinha-se que ir para frente devagar e depois dobrar, sendo que às vezes ainda batia na parede, então tinha-se que voltar um pouco, as primeiras vezes foram mais vagarosas, mas depois foi ficando mais ágil, todos participaram, às vezes tinha umas oito pessoas em cada ferro (...) Devia ser umas nove e meia quando a Marta recebeu uma ligação “do cara do caminhão”, dizendo que o caminhão, que saía de Guaíba, tinha estragado e eles parecem que iram pegar outro, então avisaram que demorariam uma hora e meia a mais ou menos de atraso. (...)
Meio dia chega o caminhão. Começou-se novamente pelos ferros, e agora além do peso havia mais um agravante: o sol, que além de queimar a pele, deixou os ferros quentes, mas mesmo assim não parecia que as pessoas estavam desanimadas, muito pelo contrário a movimentação era bem alegre. Neste momento não ajudei, só tirei
fotos, primeiramente de maneira mais discreta, depois fui ficando um pouco mais confortável, teve uma hora que havia uma “fila” para colocar as madeiras no caminhão, então alguém perguntou, pra que tanta gente pra ficar segurando peso parado? E então o Paulo disse rindo: “pra sair na foto! pra Ana registrar!” então todos me olharam e riram.
Dentro da Terreira, por entre as últimas tábuas se via cada vez mais a terra, que parecia emergir como se sempre estivesse ali, acessível aos olhares e não tapado por madeira e concreto, era estranho, pois parecia que a Terreira já estava sendo desmontada, parecia que o prédio não estava mais inteiro, mas que algumas partes tinham desmoronado. Dentro do caminhão ficou quase que o dia inteiro o Eugênio, o Beto, e o Edgar, ajeitando como as coisas iriam ali dentro. As conversas eram bem poucas e quando ocorriam eram em movimento, geralmente sobre os materiais, o peso, o tamanho, e quantos carregamentos seriam precisos para levar tudo, quando alguém perguntava: “o que mais tem que ir?,” sempre alguém respondia: “tudo!.
Fonte: Projeto Coleções etnográficas, estética urbana e patrimônio etnológico na era das textualidades eletrônicas.
Autor: Ana Paula Parodi Eberhardt (Bolsista IC/CNPq)
Local: Porto Alegre / RS
Data: 21/01/2009
Tags: Tecendo a Observação Participante
Já era quase nove horas da manhã, e começou a chegar mais gente: o Edgar, o Beto, a Roberta, o Saroba, o Lúcio, a Paula, o Cleber, a Paula Lages da escola, o Clélio, o Renan, a Judith e o Eugênio, o Jeferson, um pouco depois chegou Luciana e o Carlo, e mais depois o Alessandro, pensei que seria melhor eu começar ajudando no deslocamento das coisas e depois começar a tirar fotos, foi o Clélio ou o Pedro que sugeriram que se levasse para fora primeiramente os ferros, pois como são mais pesados seriam a base para as outras coisas no caminhão, estes ferros são, a maioria, para dar sustentação aos spots e cortinas, para pegá-los algumas pessoas pegaram luvas de pedreiro ou de lã, para por em uma das mãos, para poder carregar melhor os ferros que além de serem muito pesados estavam enferrujados e sujos. Este trabalho de carregar os ferros foi bem coletivo, pois como eram muito compridos e pesados precisavam de muitas pessoas para carregá-los e uma grande atenção uns com os outros, pois o espaço para o deslocamento era estreito e cheio de obstáculos, então tinha-se que ir para frente devagar e depois dobrar, sendo que às vezes ainda batia na parede, então tinha-se que voltar um pouco, as primeiras vezes foram mais vagarosas, mas depois foi ficando mais ágil, todos participaram, às vezes tinha umas oito pessoas em cada ferro (...) Devia ser umas nove e meia quando a Marta recebeu uma ligação “do cara do caminhão”, dizendo que o caminhão, que saía de Guaíba, tinha estragado e eles parecem que iram pegar outro, então avisaram que demorariam uma hora e meia a mais ou menos de atraso. (...)
Meio dia chega o caminhão. Começou-se novamente pelos ferros, e agora além do peso havia mais um agravante: o sol, que além de queimar a pele, deixou os ferros quentes, mas mesmo assim não parecia que as pessoas estavam desanimadas, muito pelo contrário a movimentação era bem alegre. Neste momento não ajudei, só tirei
fotos, primeiramente de maneira mais discreta, depois fui ficando um pouco mais confortável, teve uma hora que havia uma “fila” para colocar as madeiras no caminhão, então alguém perguntou, pra que tanta gente pra ficar segurando peso parado? E então o Paulo disse rindo: “pra sair na foto! pra Ana registrar!” então todos me olharam e riram.
Dentro da Terreira, por entre as últimas tábuas se via cada vez mais a terra, que parecia emergir como se sempre estivesse ali, acessível aos olhares e não tapado por madeira e concreto, era estranho, pois parecia que a Terreira já estava sendo desmontada, parecia que o prédio não estava mais inteiro, mas que algumas partes tinham desmoronado. Dentro do caminhão ficou quase que o dia inteiro o Eugênio, o Beto, e o Edgar, ajeitando como as coisas iriam ali dentro. As conversas eram bem poucas e quando ocorriam eram em movimento, geralmente sobre os materiais, o peso, o tamanho, e quantos carregamentos seriam precisos para levar tudo, quando alguém perguntava: “o que mais tem que ir?,” sempre alguém respondia: “tudo!.
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