segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sonoridades que preenchem a rua popular

Apresentação: Nos fragmentos de diários de campo se explicitam as diferentes expressões sonoras dos atores que participam do cotidiano da Rua Voluntários da Pátria, Porto Alegre - RS. Esta pesquisa tem como foco vendedores ambulantes, mas também apreende outros personagens que dividem o espaço público com eles.
Fundo de origem: Acervo do BIEV - BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção Sonoridades de formas sociais negociando o dinheiro
Autor: Priscila Farfan Barroso
Local: Porto Alegre/RS
Data de produção: 12/05/2007 e 1/04/2008
Títulos dos fragmentos: “Sonoridades e venda na rua” e “Cada um vende seu peixe”
Tags: "Os passos perdidos da etnografia"

“O PIPIPI, PI, PI, PI, pi, pi, pi
se mistura ao som do arranque dos ônibus
BRumMmMmMMM,
e nessa ambiência observo um vendedor de óculos, com aquela mesma armação de madeira, igual ao modo de exibir [que eu vi outro dia]– as duas hastes dos óculos fincadas no isopor, e o visor pra cima –, vendendo para um cliente, ou pelo menos negociando a venda.
- E ai, quão é?
- Faço 15 pra ti...
Ele pega o óculos, experimenta, pede um espelhinho para ver como ficou. Não sei qual deles é o vendedor, talvez o de mochila nas costas e com cigarro na mão. Os moços conversam e descubro que a minha aposta estava certa; uns se vão, mas este fica.”


“Caminho mais um pouco, muitos jovens oferecendo panfletos de lojas, não peguei nenhum, mas já coleciono alguns deles. Na farmácia dois rapazes batem palma
PEsssssQUISE E COOOOmpaaari...

Pesssquiseeeee e commmpari...na mais baaaraaa-Ta!!!

Na minha frente, um senhor, com um copinho na mão e nada mais, passa pronunciando
VAliVAliVAliVAliVAli...

Estou na esquina da Rua Vigário José Inácio, é o que diz a placa pichada de laranja. Um ambulante vende isqueiro encostado na parede, entre uma loja e outra.

FááááááBRiiiiiiiiica di calCINHASSSSS,
Escuto os “piu´s” das lojas de pássaros e outros animais, é curioso a diversidade de tipos de lojas na Rua Voluntários da Pátria.

MÁkina PRááá CABEeeeeLOooooooWWW... diz outro ambulante, um homem de uns 35 anos.

Observo também as clientes olhando vitrines de loja, e estas fazem comentários sobre seus desejos de compras.

Tem as botinhas mãe, as botinhas que eu te falei!”.

Enquanto isso o lixeiro, em meio os pedestres, continua seu trabalho. Varre aqui, varre ali RoOOuchi, rrrrOOOunchiiii, RoOOunchi”


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