Em diferentes momentos de encontro: reunião geral, confraternização e posando para retrato; a equipe do Biev se reúne, sempre no prédio do ILEA - Campus do Vale da UFRGS. Na terceira foto estão de pé: da esquerda para a direita: Luciana Mello, Fernanda Rechemberg, Viviane Vedana, Luna Vedana Devos, Rafael Devos, Rafael Derois, Olavo Marques; sentados: Chica, Vanessa Zamboni, Ana Luiza Carvalho da Rocha, Paula Biazuz, Felipe Rech, Thais Cuneghato.
Tags: “Quem esteve entre nós”quinta-feira, 16 de julho de 2009
terça-feira, 14 de julho de 2009
A Equipe do BIEV em 2004
Equipe trabalhando da sala de pesquisa no prédio do ILEA e posando para foto. Da esquerda para direita, em pé: Na terceira foto estão de pé: Paula Biazuz, Olavo Marques, Vanessa Zamboni, Rafael Derois. Em baixo: Ana Luiza Carvalho da Rocha, Rafael Devos, Thais Cuneghato, Fernanda Rechemberg, Viviane Vedana.
Tags: “Quem esteve entre nós”
Tags: “Quem esteve entre nós”
domingo, 5 de julho de 2009
Embarque de passageiros – Linha Passo da Figueira/Ipiranga
Apresentação: A partir de um trecho de diário de campo relatando uma saída de etnografia de rua na cidade de Porto Alegre, podemos pensar a partir de uma única rua, transformações urbanas em uma cidade que se moderniza, mas que deixa pistas de outros momentos, mostrando uma diversidade das formas sociais que habitam um mesmo lugar.
Fundo de origem: Acervo do BIEV - BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Local: Alvorada/RS
Data de produção: 24/02/2009
Tags: "Os passos perdidos da etnografia"
Um dia comum... Mas não para a aprendiz de etnógrafa que vai a campo em busca das sociabilidades, do comportamento e das práticas sociais dentro de um transporte coletivo (ônibus). Nesse pequeno fragmento de diário de campo, nos deparamos com pessoas comuns no seu cotidiano.
“O ônibus era um dos novos (azul e articulado). Não estava cheio, havia alguns lugares vagos. Sentei no primeiro banco após passar a roleta, do lado oposto ao do cobrador. Como estava muito próxima a roleta, pude observar toda a movimentação daqueles que embarcam. Após sentar-me e pegar o meu caderno de notas, entrou uma senhora alta, negra, que se aproximou do cobrador e mostrou a carteira de identidade, ela falou algo que não pude identificar e o cobrador respondeu que ela poderia ficar, mas que o fiscal iria olhar. Após esse ocorrido, me virei para trás e comecei a perceber o alto volume das conversas no fundo do ônibus, virei para frente com a intenção de ver quem estava sentada do meu lado, sabia que era uma mulher, mas não pude perceber as suas feições e vestimentas, pois fiquei com medo de que ela percebesse e pensasse que eu a estava “encarando”. Minha atenção se voltou para frente do ônibus, num momento de embarque. Uma senhora negra de estatura mediana entra cumprimentando o motorista e algumas das mulheres que estão nos bancos da frente, antes da roleta.
Ela ficou em pé, em frente a uma senhora loira que estava sentada (lado direito/ cobrador); conversaram um pouco e ela se virou para falar com outra senhora que estava sentada no lado oposto (lado esquerdo/motorista).
No momento em que a senhora negra se vira, a mulher loira que está sentada colocou a mão nas costas da mulher negra, mais precisamente no decote da blusa que tinham alguns detalhes em pedras, a mulher loira comentou alguma coisa sobre a blusa, a mulher negra respondeu algo e se voltou para o outro lado na intenção de falar com a outra senhora que estava no outro banco. Mais um embarque de passageiros acontece, dessa vez quem chamou a minha atenção foi um rapaz, branco e alto, devia ter em torno de 30 anos. Vestia calça e camisa social e o mais interessante é que tinha em suas mãos uma caixinha de suco. Pensei na correria do dia a dia, deduzi que ele devia ter saído atrasado de casa e pegou esse suco para poder enganar a fome durante o percurso. Juntamente com esse rapaz embarcou uma senhora, aparentava ter 40 anos, de pele morena e cabelos encaracolados. Ela entrou cumprimentando as mesmas senhoras que a senhora negra que havia embarcado, anteriormente, havia cumprimentado, inclusive a própria senhora negra. Após os cumprimentos, a senhora foi até o cobrador lhe entregando o dinheiro da passagem e dizendo: ‘vou te dar o dinheiro agora se não vai ficar suando na minha mão’. O cobrador pegou o dinheiro sem esboçar nenhuma reação.”
Fundo de origem: Acervo do BIEV - BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Local: Alvorada/RS
Data de produção: 24/02/2009
Tags: "Os passos perdidos da etnografia"
Um dia comum... Mas não para a aprendiz de etnógrafa que vai a campo em busca das sociabilidades, do comportamento e das práticas sociais dentro de um transporte coletivo (ônibus). Nesse pequeno fragmento de diário de campo, nos deparamos com pessoas comuns no seu cotidiano.
“O ônibus era um dos novos (azul e articulado). Não estava cheio, havia alguns lugares vagos. Sentei no primeiro banco após passar a roleta, do lado oposto ao do cobrador. Como estava muito próxima a roleta, pude observar toda a movimentação daqueles que embarcam. Após sentar-me e pegar o meu caderno de notas, entrou uma senhora alta, negra, que se aproximou do cobrador e mostrou a carteira de identidade, ela falou algo que não pude identificar e o cobrador respondeu que ela poderia ficar, mas que o fiscal iria olhar. Após esse ocorrido, me virei para trás e comecei a perceber o alto volume das conversas no fundo do ônibus, virei para frente com a intenção de ver quem estava sentada do meu lado, sabia que era uma mulher, mas não pude perceber as suas feições e vestimentas, pois fiquei com medo de que ela percebesse e pensasse que eu a estava “encarando”. Minha atenção se voltou para frente do ônibus, num momento de embarque. Uma senhora negra de estatura mediana entra cumprimentando o motorista e algumas das mulheres que estão nos bancos da frente, antes da roleta.
Ela ficou em pé, em frente a uma senhora loira que estava sentada (lado direito/ cobrador); conversaram um pouco e ela se virou para falar com outra senhora que estava sentada no lado oposto (lado esquerdo/motorista).
No momento em que a senhora negra se vira, a mulher loira que está sentada colocou a mão nas costas da mulher negra, mais precisamente no decote da blusa que tinham alguns detalhes em pedras, a mulher loira comentou alguma coisa sobre a blusa, a mulher negra respondeu algo e se voltou para o outro lado na intenção de falar com a outra senhora que estava no outro banco. Mais um embarque de passageiros acontece, dessa vez quem chamou a minha atenção foi um rapaz, branco e alto, devia ter em torno de 30 anos. Vestia calça e camisa social e o mais interessante é que tinha em suas mãos uma caixinha de suco. Pensei na correria do dia a dia, deduzi que ele devia ter saído atrasado de casa e pegou esse suco para poder enganar a fome durante o percurso. Juntamente com esse rapaz embarcou uma senhora, aparentava ter 40 anos, de pele morena e cabelos encaracolados. Ela entrou cumprimentando as mesmas senhoras que a senhora negra que havia embarcado, anteriormente, havia cumprimentado, inclusive a própria senhora negra. Após os cumprimentos, a senhora foi até o cobrador lhe entregando o dinheiro da passagem e dizendo: ‘vou te dar o dinheiro agora se não vai ficar suando na minha mão’. O cobrador pegou o dinheiro sem esboçar nenhuma reação.”
"As várias Ramiros Barcelos"
Apresentação: A partir de um trecho de diário de campo relatando uma saída de etnografia de rua na cidade de Porto Alegre, podemos pensar a partir de uma única rua, transformações urbanas em uma cidade que se moderniza, mas que deixa pistas de outros momentos, mostrando uma diversidade das formas sociais que habitam um mesmo lugar.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção do Projeto: Estética urbana e patrimônio etnológico na era das textualidades eletrônicas (ALCR)
Autor: Ana Paula Parodi Eberhardt – Bolsista IC/CNPq
Local: Porto Alegre
Data de Produção: 16/04/08
Data de Produção: 16/04/08
Tags: "Os Passos Perdidos da Etnografia"
“Ando sempre pela Avenida Ramiro Barcelos, mas atravessando a Osvaldo Aranha esta rua se torna desconhecida para mim. Isso não deve ser exclusividade minha, pois a Ramiro é uma rua muito extensa, sendo que parte dela fica no bairro Rio Branco, outra no Independência e a outra no bairro Floresta. Depois da Osvaldo esta rua se torna cheia de árvores antigas, com seus galhos pendendo, fazendo quase um túnel verde sobre a rua, que fica mais escura, pois são poucos os raios de sol que entram nesta parte.
Há prédios enormes, espelhados e muito luxuosos, as pessoas que passam ali também levam consigo sinais de um poder monetário elevado, conforme via esta paisagem comecei a subir uma lomba que parecia cada vez mais interminável, mesmo estando relativamente frio tive que tirar os casacos, pois era uma imposição do terreno, não dava para se passar neste trajeto sem sentir esta modificação do sentido: calor e resistência do corpo à caminhada, e um cheiro de umidade vindo das sombras das árvores.
Havia algumas construções mais antigas, mas não sei precisar o ano, nem a década, mas o que reparei é que estas construções mais antigas não serviam mais como moradias, mas sim davam espaço para empreendimentos, como galerias, lojas e escritórios.
Quase no alto da lomba vi algo que me despertou uma curiosidade, em meio a todos os prédios comerciais havia um sobrado branco, com mostras de estar bem velho, com uma placa escrito “oficina dos pés”, num tempo onde todas as antigas denominações populares são trocadas por uma terminologia mais técnica ou mais “moderna” aqueles “pés” pareciam destoar do ambiente grandioso daquelas empresas. Quando parei de subir e comecei a descer percebi que voltar por aquele caminho seria bem penoso: a lomba que eu ia começar a descer era muito íngreme, e se olhasse os carros descendo parecia que eles sumiam num precipício e depois surgiam bem mais adiante.
Os carros passavam numa velocidade mais alta do que a lomba recomendava. Descendo um pouco mais e olhando em frente a paisagem que se via era os telhados dos prédios e o pedaço de algumas ilhas da região metropolitana de Porto Alegre. Continuei descendo a rua e vi alguns prédios sendo demolidos, ou melhor, já estavam demolidos, mas havia pessoas no meio destes escombros fazendo uma espécie de “limpeza” no entulho, pensei nos edifícios grandes e nas poucas casinhas mais antigas que talvez logo iriam desaparecer. Nessa altura a Ramiro já havia se modificado muito, os prédio gigantes ainda não tinham se espalhado até ali, os prédios de agora tinha sinais do tempo, quase sem cores, com rachaduras e infiltrações, o cenário como um todo era muito mais pobre havia meninos de rua “guardando” carros e mais alguns no sinal e até os carros que estavam estacionados por ali também eram mais modestos.
Havia um prédio muito grande que não tinha número e nenhuma
porta, as janelas ficavam muito altas, toda a construção estava com rachaduras, a maioria provocadas por uma vegetação que “rompia o concreto e nascia”, curiosamente a vegetação brotava bem verdinha de várias partes do prédio e na calçada, bem em frente ao prédio (em um quadradinho com terra) havia os restos de uma árvore morta que estava caída ao lado deste quadradinho, a imagem desta árvore morta junto com aquela paisagem era muito triste.”
porta, as janelas ficavam muito altas, toda a construção estava com rachaduras, a maioria provocadas por uma vegetação que “rompia o concreto e nascia”, curiosamente a vegetação brotava bem verdinha de várias partes do prédio e na calçada, bem em frente ao prédio (em um quadradinho com terra) havia os restos de uma árvore morta que estava caída ao lado deste quadradinho, a imagem desta árvore morta junto com aquela paisagem era muito triste.”
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