terça-feira, 18 de maio de 2010

Observando o Concreto e Expondo a Subjetividade

Apresentação: Trecho de diário, realizado depois de saída a campo no Morro Santana, Bairro Agronomia, onde a observação participante é expressiva.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto “Habitantes do Arroio”
Autor: Renata Tomaz do Amaral Ribeiro (Bolsista IC/FAPERGS)
Local: Bairro Agronomia, Porto Alegre/RS
Data: 04/12/2009
Tags: Tecendo a Observação Participante



Próximo às 15h e 30min, resolvi sair da universidade e ir a campo. O dia estava bonito, o céu estava azul e a temperatura bastante agradável, possivelmente 21 graus. Peguei o material necessário: papel, caneta e máquina fotográfica e segui caminhando em direção ao Beco dos Marianos.
Ao passar pela barragem existente no Campus do Vale, meus sentidos presenciaram a forte manifestação daquele espaço: eu observava, sentia e ouvia de forma vibrante o que me cercava naquele momento. A paisagem era maltratada, porém bela, escondida atrás de uma grande quantidade de lixo e de escura água onde pequenos animais, como patos e biguás costumam se banhar. Além disso, em meu campo de visão era possível observar grandes árvores, uma extensa ponte, pequeninas e delicadas flores amarelas e roxas. Algumas casas no alto do morro compunham o fundo desta paisagem. Naquele momento eu sentia o sol queimar minha pele; porém, contraditoriamente também podia sentir o leve vento proporcionado pela natureza que ali tentava se manifestar. O perfume do ambiente misturava-se conforme o vendo soprava – em alguns momentos o cheiro era agradável, remetendo-me a minha infância às margens do Rio Taquari. Contudo, em outros momentos o odor era desagradável, cheiro de esgoto, de podridão. Os sons que ouvi nesta ocasião, nem mesmo por meio de onomatopéias, eu conseguiria registrar. Barulho de automóveis, mato, água corrente, pássaros de variadas espécies, pequenos insetos – como cigarras e grilos.
Ao chegar à Avenida Bento Gonçalves, percebi que havia saído pelo lado errado do campus. Neste momento eu me encontrava bastante próxima à Vila Herdeiros, local onde neste mesmo horário o restante da equipe do Projeto “Habitantes do Arroio” estava realizando uma saída de campo em direção à nascente do Arroio Dilúvio. Em virtude de estar relativamente longe da Região da Rua Beco dos Marianos e já sentido a minha pele arder por causa do sol, decidi pegar o primeiro ônibus que me levasse para lá. Enquanto eu esperava o transporte coletivo na parada, observei que atrás de mim havia uma espécie de barranco onde corria um pequeno e corrente filete d’água, que infelizmente não consegui identificar se era proveniente de algum esgoto ou se era pluvial. Sem grande demora o meu transporte chegou, e eu segui em direção à “CEEE”.
Ao descer do ônibus, olhei para o lado oposto ao Beco dos Marianos, onde também há um morro, que como já citei em outros diários, teve uma ocupação bastante desgovernada. O local repleto de casinhas muito simples e outras poucas mais bem estruturadas, todas niveladas sobre pilares de tijolos. Nesta ocasião, não jorrava água em forma de cascata, de cima do morro, como eu já havia presenciado por diversas vezes, após dias chuvosos. Fotografei pessoas sentadas em uma escadaria improvisada, toda feita com barro que seguia até a porta de entrada de umas das pequeninas casas. Além disso, também registrei imagens do trânsito que se encontrava calmo, em virtude do horário.
Atravessei a Avenida Bento Gonçalves e segui caminhando pela Rua Beco dos Marianos. A circulação de pessoas era calma, havia somente algumas poucas crianças no pátio do Colégio Desidério e uma ou outra pessoa que passava rapidamente em direção â Avenida Bento Gonçalves. Decidi seguir meu trajeto por aquela estreita ruazinha escondida atrás de casas e árvores, chamada Rua 1(Um).

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