Apresentação: Em uma das primeiras saídas à campo me coloco como observador de um quadro, nele não há nada do que um dia pode se chamar de cinema, apenas há um vão de um estacionamento. Ainda com uma fantasia na cabeça saí a procura de alguem que me "daria a pesquisa" facilitando a minha etnografia.
Fundo de Origem: BIEV/LAS/NUPECS/PPGAS
Fonte: Pesquisa antropológica com processos de modelização da memória coletiva e de extroversão de acervos – CNPq (ALCR)
Autor: Pedro da Rocha Paim – bolsista BIT CNPq
Data: 19/05/10
Local: Bairro Bom Fim
Tags: Tecendo a Observação Participante
Minha caminhada começa realmente quando passo pelo viaduto ali da Mariante, essa é a demarcação física que eu pensei já que não tenho a mínima idéia de onde começa ou termina o Bom Fim. Caminho pela calçada da direita de que vai para o centro, o chão como sempre sujo e sempre com muitos carros, passo pela Ramiro e já começo a sentir o cheiro de comércio crescendo, lojas de vários tipos como de sapatos e/ou roupas.
Passando pelo HPS o movimento começa a aumentar, vendedores de rua começam a aparecer nas calçadas, eles vendem de tudo (igual as lojas) luvas, cachecóis, capas para celular, pulseiras, rádios.... Estou no que chamo de Bom Fim da Osvaldo uma área que de um lado há um parque (caindo aos pedaços à primeira vista) e do outro uma série de lojas e estacionamentos. É o que o Baltimore se tornou, um estacionamento gigantesco, e já que é ele que eu quero pesquisar atravessei a rua e sentei no mesmo banco da primeira vez, o banco fica na frente do campo de futebol da redenção ele é bem simples e da uma visão muito boa do lugar que era o Baltimore.
Me sento e começo a esperar que alguma santa alma venha aqui se torne o informante chave, tirei algumas fotos de como é a visão de frente para o terreno.
Então em um movimento de quem percebe que ficar parado ali por mais meia hora não dará nada vou até a lancheria do parque em busca de um informante e um café. A lancheria do parque é um lugar bem variado, as pessoas vão para lá desde tomar um café de manhã ou tomar um suco até jantar alguma coisa. Eu estava como já disse pelo café e por um/uma informante, não necessariamente nessa ordem. Como de costume o lugar estava quase cheio, eu entrei e pedi um suco já que me lembrei que o suco ali é muito bom e já ajuda a começar algum bate-papo, quanta ingenuidade, o cara que me serviu não esperou nem o obrigado... saiu correndo para atender um grupo que estava sentado em uma mesa. Tomei meu suco e saí para voltar ao meu já conhecido banco, nele já estava uma mulher chamada Neusa, ela estava de cabelo preso e com roupas simples, me sentei ao lado dela e puxei a câmera, tirei algumas fotos do que há atrás de mim, do campo de futebol e ela me perguntou o que estava fazendo. Tentei explicar sobre a faculdade e perguntei o nome dela e se trabalhava por aqui. Ela disse que era Neusa e que trabalhava como faxineira no Centro, perguntei se ela morava no Bom Fim e ela disse que estava ali apenas para se encontrar com uma amiga e que morava no Bom Jesus, eu comentei sobre a minha dificuldade de achar alguém para me falar de suas experiências e ela apenas brincou “se tu fazer isso sobre o Bom Jesus eu te ajudo”. Peguei meu caderno para anotar a citação que acabei de fazer e tirei mais umas fotos, enquanto isso a amiga de Neusa chegou e ela se despediu.
Depois que Neusa saiu fiquei pensando sobre esses pequenos bate-papos que tenho nas vezes que fui para aquele banco, todos tem em comum que as pessoas sentam ali para passar o tempo, para fazer nada talvez eu que esteja procurando no lugar errado, a posição é boa porque estou de frente para o terreno que era o Baltimore mas acho difícil encontrar alguém que tenha essa relação com o Bom Fim e muito menos com o antigo cinema. Essa era a segunda vez que fui sentar naquele banco e para não ser em vão eu fiquei ali durante uns dez minutos pensando em algo interessante de se pensar ou escrever... não cheguei em nada apenas uma idéia de que da próxima vez viria em um horário diferente, não mais de manhã mas sim de tarde.
Fundo de Origem: BIEV/LAS/NUPECS/PPGAS
Fonte: Pesquisa antropológica com processos de modelização da memória coletiva e de extroversão de acervos – CNPq (ALCR)
Autor: Pedro da Rocha Paim – bolsista BIT CNPq
Data: 19/05/10
Local: Bairro Bom Fim
Tags: Tecendo a Observação Participante
Minha caminhada começa realmente quando passo pelo viaduto ali da Mariante, essa é a demarcação física que eu pensei já que não tenho a mínima idéia de onde começa ou termina o Bom Fim. Caminho pela calçada da direita de que vai para o centro, o chão como sempre sujo e sempre com muitos carros, passo pela Ramiro e já começo a sentir o cheiro de comércio crescendo, lojas de vários tipos como de sapatos e/ou roupas.
Passando pelo HPS o movimento começa a aumentar, vendedores de rua começam a aparecer nas calçadas, eles vendem de tudo (igual as lojas) luvas, cachecóis, capas para celular, pulseiras, rádios.... Estou no que chamo de Bom Fim da Osvaldo uma área que de um lado há um parque (caindo aos pedaços à primeira vista) e do outro uma série de lojas e estacionamentos. É o que o Baltimore se tornou, um estacionamento gigantesco, e já que é ele que eu quero pesquisar atravessei a rua e sentei no mesmo banco da primeira vez, o banco fica na frente do campo de futebol da redenção ele é bem simples e da uma visão muito boa do lugar que era o Baltimore.
Me sento e começo a esperar que alguma santa alma venha aqui se torne o informante chave, tirei algumas fotos de como é a visão de frente para o terreno.
Então em um movimento de quem percebe que ficar parado ali por mais meia hora não dará nada vou até a lancheria do parque em busca de um informante e um café. A lancheria do parque é um lugar bem variado, as pessoas vão para lá desde tomar um café de manhã ou tomar um suco até jantar alguma coisa. Eu estava como já disse pelo café e por um/uma informante, não necessariamente nessa ordem. Como de costume o lugar estava quase cheio, eu entrei e pedi um suco já que me lembrei que o suco ali é muito bom e já ajuda a começar algum bate-papo, quanta ingenuidade, o cara que me serviu não esperou nem o obrigado... saiu correndo para atender um grupo que estava sentado em uma mesa. Tomei meu suco e saí para voltar ao meu já conhecido banco, nele já estava uma mulher chamada Neusa, ela estava de cabelo preso e com roupas simples, me sentei ao lado dela e puxei a câmera, tirei algumas fotos do que há atrás de mim, do campo de futebol e ela me perguntou o que estava fazendo. Tentei explicar sobre a faculdade e perguntei o nome dela e se trabalhava por aqui. Ela disse que era Neusa e que trabalhava como faxineira no Centro, perguntei se ela morava no Bom Fim e ela disse que estava ali apenas para se encontrar com uma amiga e que morava no Bom Jesus, eu comentei sobre a minha dificuldade de achar alguém para me falar de suas experiências e ela apenas brincou “se tu fazer isso sobre o Bom Jesus eu te ajudo”. Peguei meu caderno para anotar a citação que acabei de fazer e tirei mais umas fotos, enquanto isso a amiga de Neusa chegou e ela se despediu.
Depois que Neusa saiu fiquei pensando sobre esses pequenos bate-papos que tenho nas vezes que fui para aquele banco, todos tem em comum que as pessoas sentam ali para passar o tempo, para fazer nada talvez eu que esteja procurando no lugar errado, a posição é boa porque estou de frente para o terreno que era o Baltimore mas acho difícil encontrar alguém que tenha essa relação com o Bom Fim e muito menos com o antigo cinema. Essa era a segunda vez que fui sentar naquele banco e para não ser em vão eu fiquei ali durante uns dez minutos pensando em algo interessante de se pensar ou escrever... não cheguei em nada apenas uma idéia de que da próxima vez viria em um horário diferente, não mais de manhã mas sim de tarde.
triste olhar essa foto assim, com tamanho espaço vazio. triste também passar por ali e não ver mais o baltimore e o bar do joão com sua movimentação típica, os tipos peculiares na calçada...
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