segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Grupo do Texto 2009

Apresentação: Estas fotos foram tiradas em uma reunião do grupo do texto que aconteceu em 21 de agosto, 2009. Estão nessas fotos Ana Parodi, Renata Ribeiro, Patrick Barcelos, Stephanie Begixa, Priscila Farfan, Luciana Tubello, Luna Carvalho, Ana Luiza Rocha e (se conseguirem achar) Pedro Paim. As fotos foram feitas por Rafael Lopo.
Tags: Quem Esteve Entre Nós







domingo, 23 de agosto de 2009

Uma casa "se abre" para a escuridão da rua

Apresentação: Neste trecho de diário de campo, trago a descrição de um percurso, à noite, pela Travessa Nova Trento (Bairro Tristeza), onde o aparente perigo da rua se transforma numa imagem de aconchego e intimidade ao se revelar, diante de meus olhos, uma casa de "outro tempo".
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Banco de Imagem e Efeitos Visuais: a criação de um museu virtual da cidade - FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Stéphanie Ferreira Bexiga – Bolsista PIBIC/CNPq
Local: Porto Alegre/RS
Data de produção: 09/05/09
Tags: Os Interiores da Escrita Etnográfica

"Saí da Armando Barbedo e entrei numa rua que lhe é perpendicular, ali não passava tanta gente, mas próximo a sua esquina com a rua Dr. Pereira Neto, uma senhora parece esperar a mulher que está no barbeiro, cortando o cabelo. Já na esquina, uma outra mulher sai do mercadinho, dirigindo-se para cantos do bairro que eu nunca percorri (em campo). Sigo reto, subindo a pequena lomba que agora se mostrava. A escuridão da noite tomava conta e eu sentia um certo medo em caminhar por ali, sentia que estava sob uma situação de risco – a rua escura, com menos pessoas era uma imagem que já denotava um certo perigo – mas eu queria ver Sr. Maurício, nem que fosse apenas para lhe dar um oi. Nessa lomba que há muito eu não percorria, uma casa me coloca num outro tempo: a porta e as janelas em forma de arco, o muro baixo que não tapa nada de sua fachada, a escada que nos permite entrar no pátio da frente e o banco ali sedimentado me falam de uma casa aberta a rua, semelhante com a de Sr. Maurício. Por outro lado, elas parecem tão frágeis quando confrontadas com os altos prédios (como os dois que estão sendo construídos na esquina dessa rua – que não sei o nome – com a rua dr. Pereira Neto) das redondezas ou com os fortes roncos de outros carros que passam pelas ruas, talvez seja essa sensação que revele por que elas são de um outro tempo."

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Trajeto “ De caminhadas no Morro do Osso ao calçadão de Ipanema”

Apresentação: Percurso urbano descrito para o portal da VII Reunião de Antropologia MERCOSUL/RAM, realizada em Porto Alegre, em 2007.
Pontos de interesse: Morro do Osso, Calçadão de Ipanema, Rio Guaíba
Início: Bairro Centro, Avenida Borges de Medeiros ou Avenida Salgado Filho, terminais dos ônibus Serraria, Ponta Grossa, Assunção e lotação Guarujá-Ipanema, Ipanema e Assunção
Fim: Zona Sul
Duração: Em média, leva-se 40min para chegar do centro aos bairros da zona sul
Autor: Rafael Devos
Tags: Rapsódias Urbanas

Contexto:


Vila Assunção é considerada a primeira praia balneária da cidade de Porto Alegre e muito procurada a partir da década de 1940. Sua mais importante avenida é a Pereira Passos, que não passava de um estreito caminho de acesso ao interior da chácara de José Joaquim Assunção, que deu o nome ao bairro. O proprietário tentou instalar em suas terras uma destilaria de álcool, mas nunca chegou a finalizar a construção de suas instalações, por causa de desentendimentos com as autoridades.
Em 1918 José Assunção faleceu e, em 1937, a viúva, dona Felisbina, fez um acordo com uma empresa Di Primo Beck, que urbanizou a região, calçando, canalizando a água e puxando a luz, e reservando uma fatia deste loteamento para uso da viúva.Suas ruas fazem referência aos tupi-guaranis, primeiros moradores dessas terras.O Loteamento Balneário Ipanema foi aprovado pela prefeitura de Porto Alegre em 1938 com os nomes das ruas dado por Oswaldo Coufal e pelos seus sócios.
Com a venda de terrenos, muitas famílias construíram suas casas de verão em Ipanema. O Rio de Janeiro foi a inspiração de Oswaldo Coufal ao dar nome às ruas e ao balneário local, que queria ver transformado em ponto turístico. Oswaldo Coufal adorava a capital fluminense e levava a família para passar férias no bairro da Urca. Amplamente arborizado e situado a beira do Rio Guaíba, o bairro é um lugar notadamente residencial. Um calçadão e uma ciclovia à beira-rio atraem atletas e moradores durante os dias de verão. Conta com uma praia fluvial, muito utilizada para lazer pela população de baixa renda, apesar de poluída.

Opção 1: Bairro Assunção – Com o ônibus Assunção, descer no final da linha e caminhar pela orla (à esquerda de frente para o rio). O final da linha do ônibus é a antiga doca de onde partia a balsa que levava automóveis para a cidade de Guaíba, único acesso de Porto Alegre a zona Sul do Estado antes da construção das pontes. Mais adiante, o bar Timbuca é uma boa opção para uma cerveja e um final de tarde despreocupado à beira do rio. Em frente ao bar, a rua que segue cruzando a praça dá acesso à subida da Igreja que dá uma boa vista da zona sul da cidade, e onde ocorrem rodas de capoeira todo domingo ao final de tarde.

Opção 2: Bairro Ipanema – Descer do ônibus Serraria ou Ponta Grossa, ou da lotação Ipanema na Avenida Dea Coufal. Assim como a Tristeza, Ipanema é um antigo balneário da cidade, atualmente bairro de classes média e alta. Caminhando em direção ao rio, temos o calçadão de Ipanema, com dois kilômetros de orla dedicada aos recantos para chimarrão, à prática de esportes, e a uma infinidade de bares para todos os gostos. Destaque para a estátua de Oxum, orixá das religiões afro-brasileiras do Estado, que ganhou na praia de Ipanema um espaço para sua festa anual (8 de dezembro). Mais ao final do calçadão, pode-setomar novamente o ônibus serraria, para conhecer os bairros seguintes: Guarujá, Espírito Santo, Ponta Grossa e Serraria.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Roteiro de Entrevista - Documentário Memórias do Mundo

Apresentação: Documentário que explora a memória coletiva de Porto Alegre através de depoimentos de freqüentadores e trabalhadores do Mercado Público Municipal e de imagens antigas e atuais do mercado, assim como da área central da cidade, desvendando os tempos e ritos que se encerram neste espaço. Documentário vencedor do II Concurso de Vídeo Etnográfico Pierre Verger (1998), da Associação Brasileira de Antropologia. Direção de Ana Luiza Carvalho da Rocha e Maria Henriqueta Creidy Satt, com financiamento do FUMPROARTE.
Fundo de Origem: FUMPROARTE
Fonte: FUMPROARTE
Autor: Ana Luiza Carvalho da Rocha e Maria Henriqueta Satt
Local: Mercado Público (Porto Alegre/RS)
Data de produção: 1997
Tags: Os Bastidores do Trabalho de Campo


Suas origens
Onde nasceu? Origem dos pais (imigrantes italianos), o avô tropeiro.
O seu avô, estórias que contava.O que o senhor lembra dele?
E o seu pai, como era e o que fazia?
E as heranças de suas origens?
A infância e adolescência de arrabalde. Onde? Como era?Os deslocamentos na cidade, os lugares de diversão
Gostava de ir ao centro da cidade, e o Mercado Público?
O mercado e a sua vida se misturam, como assim? O senhor disse que não sentiu esses 60 anos passarem. fale um pouco disso.

A formação de sua família e amigos: o lugar do Mercado
Vocês (ele e a esposa) se conheceram no mercado, como foi essa história?
“Casar no Mercado”, o que significa esta expressão.
Como era o trabalho feminino no Mercado Público?
O namoro e a vida boêmia do centro da cidade?
A época mais marcantes da cidade, as ambiências dos cafés, cinemas e clubes?
Onde iam se divertir, onde costumavam passear, músicas que mais marcaram sua geração? O tango...
E os amigos que fez no Mercado? Quem são eles e o que faziam?
Ele e sua esposa nos mostram as fotos antigas.

Seus vínculos afetivos com o Mercado Público
Sua formação profissional foi no mercado?
Que idade o sr. tinha quando começou a trabalhar no mercado?
Por que o senhor foi trabalhar no mercado?
Como era sua rotina, que horas acordava, que horas ía trabalhar, qual o bonde pegava, qual o trajeto fazia?
Quais os lugares em que o senhor trabalhou?
Como era trabalhar na banca 40? Histórias pitorescas do local?
Mostramos algumas fotos para que eles nos falem
Como era a sua relação com o seu patrão?

As transformações no Mercado e na cidade
Como era o Mercado antigo?
As origens africanas do Mercado? Suas histórias: o assentamento do Bará, os rituais dos batuqueiros?
As diferenças entre os armazens de arrabalde e o Mercado?
Qual a diferença entre os dois mercados: o “de dentro” e o “de fora”.
As transformações do Mercado no contexto da alterações urbanas da cidade: O senhor disse que assistiu a construção da Borges de Medeiros. Como era antigamente, os cortiços, e como foi essa construção?
Trajetos que mais gostava de fazer em Porto Alegre. E hoje?
Outro dia o sr. nos falou das praças? Como eram as praças de Porto Alegre, o que acontecia nelas?As Praças da Alfandega, Praça XV (Pça Paraíso) e a Praça da Matriz ( o alto da Bronze)
Os bondes e seus trajetos. E a entrada dos ônibus e os corredores?
A Procissão de Navegantes, os antigos carnavais

Roteiro de Entrevista - Da Várzea ao Dom da Palavra

Apresentação: A entrevista será com um senhor de cerca de 60 anos, de cabelos grisalhos e riso fácil. Possui uma estatura média, uma barriga avantajada e sua voz já é um sinal de sua ironia. Em todos os momentos em que lhe falava da filmagem, ele se mostrava muito disposto a me contar a “história inteirinha” do Murialdo, sobre o bairro e sobre os times do local. A minha idéia, para começar a entrevista, se for em sua casa, é começar a perguntar sobre sua trajetória no bairro. Acredito que ele tenha nascido ali naquela zona, mas é importante saber quando que ele se deu conta que fazia parte do bairro e tinha um pertencimento com o local.
Fundo de Origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: TCC Projeto Criação do site do BIEV - CNPq/FAPERGS (ALCR)
Autor: Rafael Martins Lopo – Bolsista PIBIC/CNPq, co-orientação Rafael Devos
Local: Clube de futebol Martins de Lima
Data de produção: 2008
Tags: Os Bastidores do Trabalho de Campo


Bairro, vizinhança e família:
- Mora há quanto tempo no Partenon
- Família morava no bairro?
- Relação com os vizinhos
- Como a família vê o envolvimento com a várzea
- As mulheres costumam acompanhar os jogadores?
- Como a família é vista pelos outros dentro do campo?
- Como as mulheres lidam com essa jocosidade, essa coisa do deboche, da masculinidade, da “coisa de homem”?

Bairro e o futebol:
- Jogava desde pequeno?
- ia à estádios de futebol?
- Quem o levou ao conhecer o futebol?
- Quando se apercebeu da paixão pela várzea?
- Lembra dos times em que jogava?
- como eram os campeonatos?

Bairro, futebol e mudanças:
- O que há de diferente no bairro
- Campos de futebol
- Times
- os campeonatos
- O Martins de Lima
- Os amigos atuais

Envelhecimento, gênero e futebol
- Como participa agora?
- Ainda joga?
- Acompanha os times, os campeonatos da várzea?
- Acompanha o futebol profissional?
- Como é que a várzea tem relação com a cidade?
- Acha que a várzea pode falar sobre a cidade de Porto Alegre?
- O que estes campos podem me dizer sobre o passado?
- Como o senhor vê estas mudanças da cidade?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Aproximando-me dos informantes

Apresentação: Nesses dois trechos de diários de campo, trago os meandros das interações com os vendedores ambulantes que estão trabalhando enquanto a aprendiz de antropologia se esforça para estar entre eles. Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos informantes.
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto "BIEV: a criação de um museu virtual da cidade"
Autor: Priscila Farfan Barroso - Bolsista IC/FAPERGS (ALCR)
Local: Rua Voluntários da Pátria – Porto Alegre - RS
Data de produção: 12/06/2007 e 12/12/2008
Tags: Tecendo a Observação Participante

Perto e longe dos informantes

Um garoto de bicicleta se aproxima de Juca e de Cleber, eles conversam meio escondidos pelo orelhão e riem. Eu vejo o movimento da rua, mas me sinto desconfortável na posição de observadora, apenas torço para Tiago (informante principal) aparecer, pois eu acho que ele não me deixaria ali sozinha. Augusto vende em frente a mim, mas nem me olha, “CD, DVD, CELULAR”, foi muito estranho, pensei que deveria reverter aquela situação o mais rápido possível. Depois, Augusto se afasta e quando ele volta Eduardo está junto. Os dois me observam, e eu apenas cumprimento. Tinha mais um carro da SMIC parado ali, então pergunto “Hoje está difícil hein?”, eles confirmam, mas não me dão muita bola. Como desde o começo do campo estava com vontade de sorvete - porque estava muito quente - lembro que na esquina tem sorvete por um real, comprei e me aproximei de Eduardo, Augusto e mais um ambulante. Perguntei se podia ficar por ali, falei que se queria conhecer sobre eles (vendedores ambulantes) tinha que ficar por ali, não esperei resposta e me posicionei do lado deles. Eduardo tinha um celular preto de abrir e fechar na mão, talvez estivesse vendendo, Augusto anunciava seus produtos, e em meio a cena eu tentava interagir...

Conversa informal

Agradeço e aproveito o momento para conversar com Diego, me aproximo tímida, com receio de atrapalhar as vendas, sei lá, e vou logo perguntando sobre o movimento, ele me responde “Ta meio parado!”, penso que mais tarde seja mais movimentado, ele confirma sem muita ênfase. E então pergunto pelo seu irmão que é cunhado de Luis, Diego é atencioso e diz que ele saiu, pensei que voltasse outro dia, e o rapaz fala da desistência do irmão em relação ao trabalho informal. Pergunto se ele arranjou outro emprego, e Diego confirma sem muitas explicações.
Depois disse que vim outros dias, mas estavam “mais pra frente” e comentei sobre a experiência de fazer a etnografia sonora, para explicar fiz analogia com o vídeo, e perguntei o que ele achava, foi direto “Vai dar um bagulho estranho!”. Achei que Diego não estava muito para papo, falava comigo e olhava para os lados, foi atencioso, mas talvez esperasse mais por uma entrevista do que a conversa informal. Sentei no “meu” degrau, e fiquei observando a relação entre eles.

Trajeto “Caminhos dos sebos e antiquários”

Apresentação: Percurso urbano descrito para o portal da VII Reunião de Antropologia MERCOSUL/RAM, realizada em Porto Alegre, em 2007.
Pontos de interesse: Arquitetura colonial, antiquários e sebos.
Início:
Centro de Porto Alegre, desde a Rua dos Andradas (antiga Rua da Praia)

Fim:
Rua Marechal Floriano, limites do Centro com Cidade Baixa

Duração:
2h, caminhada longa com subidas leves.

Autor:
Thaís Cunegatto
-
Bolsista IC/PIBIC/CNPq
Tags: Rapsódias Urbanas

Contexto

O projeto Caminho dos Antiquários é parte do Viva o Centro, um dos 21 programas estratégicos do governo. Com o objetivo de revitalizar a área central, o espaço que abriga lojas de antiguidades foi transformado em uma grande feira a céu aberto. A Rua Marechal Floriano, entre a Fernando Machado e a Demétrio Ribeiro, é fechada e as lojas colocam seus materiais na rua. O Caminho termina na Praça Daltro Filho, onde a Feira de Antiguidades foi ampliada, recebendo mais de 20 expositores de toda a cidade. O investimento da Prefeitura nesse projeto pretende estimular e desenvolver o turismo e o comércio local, levando a população de volta ao bairro que deu origem a Porto Alegre.

Fotografias



Trajet
ória

Todos os sábados estão reunidas aos antiquários diferentes atrações culturais. A música, o teatro e a cultura local ajudam a contar a história da cidade, tornando o passeio uma festa para toda a família.
Em primeiro lugar pegue qualquer ônibus ou lotação que lhe leve ao Centro da cidade. Peça orientações e chegue a Rua dos Andradas, antiga Rua da Praia. Caminhe até encontrar a Praça da Alfândega, Antiga Praça Senador Florêncio. Pergunte pela Rua da Ladeira, ou a atual General Câmara, tome fôlego e comece a sua subida. Repare na loja Talismã de Cristal com maravilhosas pedras e esculturas provenientes do interior do estado. Nessa rua há uma série de sebos: Beco dos Livros, Estação Cultura e a Livraria Nova Roma (na qual o congressista obtém 20% de desconto apresentando sua credencial).
Chegando na Rua Riachuelo, não deixe de apreciar a Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul e, seguindo em frente, você encontrará mais sebos! O Beco dos Livros, Martins Livreiro, Livraria Mosaico, Editora Vozes (só livros novos), Livraria Província e outro Beco dos Livros. Atravesse a Avenida Borges de Medeiros e continue andando pela Riachuelo, teremos a Livraria Fortunato e Cia., o maravilhoso restaurante Atelier das Massas com sua recheada carta de vinhos e um pouco adiante, novamente temos outro Beco dos Livros e a Livraria Província.Volte um pouco e suba a Rua Marechal Floriano Peixoto, nela você encontrará a Stoned Discos (com discos raros e importados), a Boca do Disco e a muito antiga Livraria Aurora. Dobre à direita na Rua Duque de Caxias e siga até encontrar o viaduto da Borges. Dê uma espiada em todas as direções, tente ver o cais do porto, repare no estilo arquitetônico dos prédios ao redor e atravesse a Duque. Na outra margem podemos enxergar a Avenida Praia de Belas e um pouco do morro da TV. Aviste o Hotel Everest e desça pela escadaria ao seu lado, não deixando de admirar o belo trabalho feito no viaduto e a vista que se tem da Borges e da parte interna do viaduto.

Ao final da escadaria você se deparará com a Rua do Arvoredo, ou melhor, com a atual Rua Coronel Fernando Machado, dobre a esquerda e comece a se deliciar com a maior concentração de antiquários da cidade: Porto dos Casais – Galeria de Arte e Antiquário, Riboli Antiguidades, Ricordo Antiguidades, Antiguidades Cottage e Horizonte da Luz. Dobre para baixo na Rua Marechal Floriano Peixoto e teremos mais lojas de antiguidades: Túnel do Tempo Antiguidades, AG Antiguidades, Ricordo Antiguidades, Mercado Negro Antiguidades, Cogito Antiguidades, Antiques Antiguidades, San Telmo Antiquário, Nando Giuliato Antiquário e Moita Antiquário. Siga pela Rua Coronel Genuíno e atravesse a Avenida Borges de Medeiros, dali você já avistará a antiga Ponte de Pedra. Não perca o por do Sol.


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Itinerários do futebol de Várzea: O Parque Ramiro Souto e o time do Flamenguinho


Apresentação: Eis aqui uma parte a mais do percurso percorrido por mim dentro da etnografia sobre alguns times de futebol de várzea da cidade de Porto Alegre. Chegar ao campo do Ramiro Souto, dentro de um grande parque da cidade, a Redenção (Também conhecido como parque Farroupilha), foi importante para pensar nesta circulação de gestos, posturas e palavras que não ocorre somente em lugares periféricos da cidade através do futebol de várzea.
Fundo de Origem:
Acervo do BIEV - BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção Rafael Lopo
Autor: Rafael Lopo, bolsista de IC.
Local: Parque Ramiro Souto
Data de produção: 02/07/2006
Tags: Os Passos Perdidos da Etnografia

Chego na Redenção, no conhecido campo do parque Ramiro Souto. Ali nem todos estão em função dos jogos. Próximo ao campo, há mais de duas quadras, destinadas à prática de diversos esportes. A Redenção é um dos parques mais freqüentados na cidade aos Domingos, e isto já representa uma diferença significativa em relação ao Darcy Azambuja, onde a maioria que vai Domingo pela manhã tem como principal objetivo observar e participar do jogo.

Quando caminho em direção ao palanque onde ficam a maioria dos expectadores dos jogos, passo por essas duas quadras, o barulho vai ficando mais intenso, mas o som parece ser diferente. Os gritos e barulhos não são somente dirigidos aos jogadores da várzea, e os sons dos palpites e reclamações do jogo se misturam com as das quadras de esporte. Perto do palanque, ah ainda uma quadra de cimento onde crianças jogam bola, e ao lado desta, uma quadra de areia onde jovens e adultos jogam vôlei.
Resolvo ficar mais próximo da grade para acompanhar o jogo, e fico olhando para os lados para ver se o “dirigente” do Flamenguinho está por perto. O jogo tem outro ritmo. O campeonato disputado Domingo a tarde na Redenção segue a mesma regra da Intercap, e participa do mesmo “circuito” da prefeitura, onde os dois primeiros de cada praça disputam o municipal, mas a categoria é diferente. A categoria em disputa ali é a livre, onde não há limite mínimo nem máximo e idade. Obviamente, os times mesclam jogadores jovens com experientes, onde cada um tem seu valor e sua função no time. Normalmente os mais jovens jogam na frente, onde a intensidade e a necessidade de deslocamento é mais intensa. Normalmente no meio-campo e na defesa jogam jogadores experientes e nem tão jovens, que já conheçam os “atalhos” do campo, que “sabem bater” quando é preciso. O jogo que assisto na Redenção é mais disputado, os jogadores dos dois times não economizam nos palavrões e jogadas ríspidas. Porém, os sons parecem ser muito semelhantes. A sonoridade da bola e das chuteiras rolando na areia é incomparável e inconfundível. Parece que todos os campo “carecas” de Porto Alegre produzem o mesmo som. É um som que dura, que não para, e junta diferentes pedaços para criar uma sinfonia só. Misturam-se sempre à este som os gritos dos jogadores e as batidas na bola, que fazem parte do cenário único. (DIARIO DE CAMPO DIA 02/07/2006)


A marcação dos limites da várzea que fora determinada pelo ato concessório de Paulo José da Silva Gama em 1807, deve ter sido feita dentro do primeiro quarto do século XIX. Nesta época atuava como engenheiro provincial José Pedro César que, entre outros trabalhos, executava a planta da cidade, recebida pela Câmara em 14 de setembro de 1825(...)
(...) O fato é que o uso seguinte da grande várzea foi mesmo para exercícios militares. Talvez houvessem trechos menos alagadiços ou, ao menos, durante a maior parte do ano o banhado não prejudicasse tanto aquelas funções. Mas o nome da área não se ligou àquela atividade. A presença da Igreja de nosso Senhor do Bom Fim, no alinhamento nordeste e as festas religiosas que ali se realizavam emprestou à área o nome de campos do Bom Fim que só foi modificado em 1884.
Mas antes desta mudança, ainda com o nome de Campos do Bom Fim, a grande várzea vai receber, em um trecho do seu alinhamento sul, a maior construção da época para servir de quartel aos corpos estacionados nesta capital.(...)
(...) Era a época da luta abolicionista. Recentemente os negros haviam participado na Guerra do Paraguai, primeiro choque de prova do novíssimo exército brasileiro. Em 1871 fora aprovada a Lei do Ventre Livre, declarando não escravos os negros que nascessem daquela data em diante.(...)
(...) Em 16 de agosto de 1884, Júlio de Castilhos escrevia: “Ao cabo de poucos dias de ativo trabalho, o pobo, em uma brilhante manifestação de regozijo, pôde proclamar ontem a liberdade de mais da metade dos escravos existentes na cidade.(...)
(...) No dia 9 do mês seguinte, homenageando a libertação dos escravos, a Câmara de Porto Alegre propõe a mudança de denominação de Campos do Bom Fim para Campos da Redenção.(...) (MACEDO, 1973*)

*MACEDO, Francisco Riopardense de, O Campo da Redenção: História do Parque Farroupilha in Porto Alegre: História e Vida da cidade. Porto Alegre, UFRGS, 1973)

Itinerários do futebol de Várzea: O Campo Do Murialdo


Apresentação: Dentre muitos percursos para se entender um pouquinho dos jogos de futebol de várzea de Porto Alegre, tive que percorrer alguns lugares para chegar ao meu principal campo de pesquisa. A pesquisa etnográfica dessa maneira teve seus rumos e suas decisões delimitadas pelas situações de campo e aceitação dos informantes... Eis aqui, a descrição e contextualização do “campo do Murialdo”:
Fundo de Origem:
BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção Rafael Lopo - Banco de Imagens e Efeitos Visuais.
Autor: Rafael Lopo, bolsista de IC.
Local: Bairro São José, Partenon, Porto Alegre
Data de produção:
30/04/2007

Tags: Os Passos Perdidos da Etnografia


Para chegar ao Murialdo preciso pegar o T4, descer na esquina da Aparício Borges com a Bento e pegar o Santa Maria. Poderia tentar descobrir o caminho a pé, andando, mas como é o primeiro dia, e não conheço muito o bairro, prefiro pegar o respectivo transporte coletivo. O ônibus demora um pouco, e passo por alguns lugares do Partenon pelos quais não conhecia. A surpresa vem rápido: o ônibus desce exatamente a uma quadra da esquina de onde fica o Murialdo. É só descer um pouco e dobrar à esquerda, que a esquina me leva ao encontro de sua irmã(no final da rua), onde é a “entrada” para o campo.
Sim, muitas palavras aqui terão de ser escritas entre aspas, porque o Murialdo não é exatamente um “campo”, não tem suas devidas “marcações”, a “arquibancada” é precária e o campo não tem limites muito bem definidos em um de seus lados. Queria poder scanear meu desenho ou mostrar aqui no diário as condições do “campo” do Murialdo, mas não há como fazê-lo senão pela escrita. Quando chego no campo fico impressionado com este novo lugar, este novo bairro, estes novos personagens e situações ao meu redor. O campo em uma encruzilhada, muitos bares, e conseqüentemente, gente bebendo por perto. Um mendigo que fala muitas coisas inteligíveis com seu cachorro e outros ébrios já de consciência notadamente alterada. Muitos dos expectadores e homens ao redor já se conhecem, se cruzam e se cumprimentam, se olham, se gozam, brincam com outros, e estão sempre às voltas do que acontece no campo. Um dos principais assuntos nas rodas de conversa é o jogo “das quatro”: Guarany contra Martins de Lima. (DIÁRIO DE CAMPO DIA 30/04/07)


O campo do Murialdo fica na parte dos fundos do colégio com o mesmo nome. O que marca a localização do campo é o encontro da rua “Martins de Lima” com a “Primeiro de Março”. Em um de seus lados, onde era antes a entrada, no meio da subida da rua Primeiro de Março, agora está erguido um pequeno vestiário e um bar. Para chegar até lá, somente entrando pelo imenso portão da esquina e caminhando por dentro do campo.
No limite da Martins de Lima, há um muro de pequeno porte que serve de base para a grade que fica mais acima. Dentro do campo não há nenhuma marcação, e nesta lateral, o que delimita onde pode e não se pode jogar é a presença de torcedores, banco de reservas e as árvores. Sim, pensei milhões de vezes se algum jogador nunca havia se machucado nestas árvores, mas deixarei estas fabulações para outra hora.


Como muitos campos, a grama é tímida, e só resolve dar seu “ar da graça” em cantos restritos e pequenos do campo. No outro lado, também não há marcação, e o limite é a elevada que serve de apoio aos bancos e à arquibancada. Porém, este espaço cativa em mim uma simpatia enorme. Talvez pela simplicidade, ou talvez pela sua proximidade com o bairro São José, no Partenon. A esquina onde está a sua entrada é cercada por dois ou três “butecos”, além de ser bem próxima da sede do Martins de Lima.
(DIÁRIO DE CAMPO DIA 30/04/2007)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Escritas truncadas e fluídas

Apresentação: Para trazer a reflexão de como as anotações em campo, que são mais rápidas e fugidias, são transcritas no diário do campo, outro momento de pensar as vivências do campo.
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Coleção do Projeto BIEV - A criação de um museu virtual da cidade - FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Priscila Farfan Barroso - Bolsista IC/FAPERGS
Local: Rua Voluntários da Pátria – Porto Alegre - RS
Data de produção: 15/02/2007
Tags: Caderno de Notas



"Na minha direita um senhor de cadeira de rodas estava encostado na parede e vendia seus produtos exibidos em cima de uma madeira acoplada a cadeira de rodas, era incenso, alça de sutiã, antena, tiras para chinelo havaianas, entre outros. No momento que olho ele esta enxugando o suor de seu rosto com um lenço, passa pela testa tão próxima da careca, depois nas bochechas, e por último no nariz e em cima dos olhos. Passa uma senhora com seu filho, olha para os produtos desse senhor com um certo desdém, ele fica preocupado, arruma um pouco mais a disposição dos objetos, deixa mais a mostra, desvira as embalagens e depois se contenta. Coloca seus óculos e mexe num caderno e em seguida na calculadora, quando olho novamente cruzamos o olhar, um olhar firme, mas logo desviado pelos dois participantes.”