segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Aproximando-me dos informantes

Apresentação: Nesses dois trechos de diários de campo, trago os meandros das interações com os vendedores ambulantes que estão trabalhando enquanto a aprendiz de antropologia se esforça para estar entre eles. Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos informantes.
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto "BIEV: a criação de um museu virtual da cidade"
Autor: Priscila Farfan Barroso - Bolsista IC/FAPERGS (ALCR)
Local: Rua Voluntários da Pátria – Porto Alegre - RS
Data de produção: 12/06/2007 e 12/12/2008
Tags: Tecendo a Observação Participante

Perto e longe dos informantes

Um garoto de bicicleta se aproxima de Juca e de Cleber, eles conversam meio escondidos pelo orelhão e riem. Eu vejo o movimento da rua, mas me sinto desconfortável na posição de observadora, apenas torço para Tiago (informante principal) aparecer, pois eu acho que ele não me deixaria ali sozinha. Augusto vende em frente a mim, mas nem me olha, “CD, DVD, CELULAR”, foi muito estranho, pensei que deveria reverter aquela situação o mais rápido possível. Depois, Augusto se afasta e quando ele volta Eduardo está junto. Os dois me observam, e eu apenas cumprimento. Tinha mais um carro da SMIC parado ali, então pergunto “Hoje está difícil hein?”, eles confirmam, mas não me dão muita bola. Como desde o começo do campo estava com vontade de sorvete - porque estava muito quente - lembro que na esquina tem sorvete por um real, comprei e me aproximei de Eduardo, Augusto e mais um ambulante. Perguntei se podia ficar por ali, falei que se queria conhecer sobre eles (vendedores ambulantes) tinha que ficar por ali, não esperei resposta e me posicionei do lado deles. Eduardo tinha um celular preto de abrir e fechar na mão, talvez estivesse vendendo, Augusto anunciava seus produtos, e em meio a cena eu tentava interagir...

Conversa informal

Agradeço e aproveito o momento para conversar com Diego, me aproximo tímida, com receio de atrapalhar as vendas, sei lá, e vou logo perguntando sobre o movimento, ele me responde “Ta meio parado!”, penso que mais tarde seja mais movimentado, ele confirma sem muita ênfase. E então pergunto pelo seu irmão que é cunhado de Luis, Diego é atencioso e diz que ele saiu, pensei que voltasse outro dia, e o rapaz fala da desistência do irmão em relação ao trabalho informal. Pergunto se ele arranjou outro emprego, e Diego confirma sem muitas explicações.
Depois disse que vim outros dias, mas estavam “mais pra frente” e comentei sobre a experiência de fazer a etnografia sonora, para explicar fiz analogia com o vídeo, e perguntei o que ele achava, foi direto “Vai dar um bagulho estranho!”. Achei que Diego não estava muito para papo, falava comigo e olhava para os lados, foi atencioso, mas talvez esperasse mais por uma entrevista do que a conversa informal. Sentei no “meu” degrau, e fiquei observando a relação entre eles.

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