domingo, 23 de agosto de 2009

Uma casa "se abre" para a escuridão da rua

Apresentação: Neste trecho de diário de campo, trago a descrição de um percurso, à noite, pela Travessa Nova Trento (Bairro Tristeza), onde o aparente perigo da rua se transforma numa imagem de aconchego e intimidade ao se revelar, diante de meus olhos, uma casa de "outro tempo".
Fundo de origem: BIEV/NUPECS/LAS/PPGAS
Fonte: Projeto Banco de Imagem e Efeitos Visuais: a criação de um museu virtual da cidade - FAPERGS/CNPq (ALCR)
Autor: Stéphanie Ferreira Bexiga – Bolsista PIBIC/CNPq
Local: Porto Alegre/RS
Data de produção: 09/05/09
Tags: Os Interiores da Escrita Etnográfica

"Saí da Armando Barbedo e entrei numa rua que lhe é perpendicular, ali não passava tanta gente, mas próximo a sua esquina com a rua Dr. Pereira Neto, uma senhora parece esperar a mulher que está no barbeiro, cortando o cabelo. Já na esquina, uma outra mulher sai do mercadinho, dirigindo-se para cantos do bairro que eu nunca percorri (em campo). Sigo reto, subindo a pequena lomba que agora se mostrava. A escuridão da noite tomava conta e eu sentia um certo medo em caminhar por ali, sentia que estava sob uma situação de risco – a rua escura, com menos pessoas era uma imagem que já denotava um certo perigo – mas eu queria ver Sr. Maurício, nem que fosse apenas para lhe dar um oi. Nessa lomba que há muito eu não percorria, uma casa me coloca num outro tempo: a porta e as janelas em forma de arco, o muro baixo que não tapa nada de sua fachada, a escada que nos permite entrar no pátio da frente e o banco ali sedimentado me falam de uma casa aberta a rua, semelhante com a de Sr. Maurício. Por outro lado, elas parecem tão frágeis quando confrontadas com os altos prédios (como os dois que estão sendo construídos na esquina dessa rua – que não sei o nome – com a rua dr. Pereira Neto) das redondezas ou com os fortes roncos de outros carros que passam pelas ruas, talvez seja essa sensação que revele por que elas são de um outro tempo."

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